Palácio Lilás
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Perdeu-se um pacote lacrado de cartas de estimação, com as palavras “Em caso de morte, ser entregue a Sinhá”. Gratifica-se a quem achar. Entregar à Rua Benjamim Constant, 193, a Virgínia.
Rio de Janeiro, 7 de abril de 1921.
Carlos Drummond de Andrade - De notícias & não notícias faz-se a Crônica - 1979
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Era uma bela manhã de primavera, em um dos dias do Equinócio Vernal, seria praticamente o presente de aniversário para sua mamãe.
Raquel estava nervosa, acordou bem mais cedo do que o programado e ligou pra confirmar todos os horários. Por último ligou para sua mamãe para lembrá-la que iam juntas mais tarde, aproveitou para acertar o horário que passaria na casa dos pais para almoçar.
Saiu do quarto para a sala, pela primeira vez depois de acordar e deu de cara com o vestido, pendurado ali na estante da sala, perfeito, do jeito que ela desenhou, do jeito que ela sempre sonhou. E já era o dia de usá-lo.
Não digo que ela esperou muito tempo para poder fazê-lo e usá-lo porque isso, na verdade, nem estava nos seus planos, veio ao acaso, aconteceu sem que ela programasse, mas foi o melhor que poderia acontecer em sua vida.
Ficou parada por alguns instantes admirando apenas, apreciando a perfeição de um sonho realizado.
Respirou fundo, de satisfação, e uma sensação de desconforto remexeu-se no interior de sua barriga, não era fome, mas já era hora de tomar o café da manhã.
Após um copo de leite com chocolate, trocou de roupa e separou tudo que ia precisar mais tarde, deixou tudo sobre o sofá da sala e saiu para casa de mamãe.
Passou o almoço todo relembrando tudo que precisava estar perfeito, mas sua mãe interrompeu se pensamento e pediu que fosse se banhar para não perder a hora.
Após o banho já saiu com a famosa camisa de botão, para facilitar a troca pelo vestido, não desfazer o cabelo, nem borrar a maquiagem.
Ela queria algo simples, seus cachos de sempre, mas bem definidos e presos num belo penteado. A maquiagem também não seria algo muito berrante, apenas o básico, num tom rosado e meigo, para combinar com a cena.
Com maquiagem, unhas e cabelo pronto, Raquel se dirigiu pro seu apartamento com mamãe. Os familiares e amigos já deveriam estar todos a caminho da chácara da família, onde seria o tão notável evento.
Foi entrar no apartamento e sua mãe já foi pegando todos os utensílios necessários, reunindo todos numa pequena bolsa de mão. O vestido não estava mais na estante, seu pai já teria levado pra casa de Mel, amiga da família há anos, onde ela se vestiria.
Demoraram menos de dez minutos até recolher as coisas e cair na estrada para chácara.
Foram direto pra chácara da Mel e ela já esperava ansiosa por Raquel. Mel já estava com lágrimas nos olhos antes mesmo de abraçar Raquel, era um momento e tanto.
Raquel foi para o quarto se arrumar, encalçada por Mel, para fugir do tumulto que se encontrava na pequena sala de estar com a mãe e a avó de Raquel, a mãe e a irmã da Mel, entre outras mulheres que surgem sempre nessas ocasiões.
Entrou no quarto e sentiu aquela sensação de desconforto na barriga, veio à mente os detalhes da festa, o noivo lindo à sua espera, os familiares que estariam todos lá reunidos, os amigos tão queridos que viriam... E foi nesse momento que uma japonesa irrompeu pra dentro do quarto aos prantos e soluços.
Ela, com a maquiagem já borrada, abraçou Raquel forte, dizendo o quão feliz estava por ela, logo atrás surgiu uma outra garota, de cabelos vermelhos escuros com um belo sorriso nos lábios.
Esta também abraçou Raquel e pediu desculpas pelo pequeno atraso. Enquanto se desculpava já tinha aberto um pequeno nécessaire com maquiagem para fazer um retoque assim que Raquel se colocasse no vestido.
A Japa foi ao banheiro enxugar as lágrimas e refazer a maquiagem e a Ruiva foi ajudar com o vestido que estava pendurado no guarda-roupas de Mel.
Um vestido branquíssimo, com um decote em V, mangas longas em véu fino, o corpete todo bordado com brilho, a saia muito rodada de véu leve e brilhante como as mangas. As costas do vestido tinham uma abertura em V profunda, que deixava as costas toda à mostra, com pequenos fios brilhantes de um lado a outro do V, uma calda longa com bordados nas margens se estendia pelo piso branco e preto da casa de Mel.
Era divino. Raquel entrou nele sem qualquer dificuldade, tinha sido feito sob medida para ela.
Enquanto Mel passava os fios de um lado a outro nas costas do vestido, Raquel segurava as lágrimas de felicidades e ouvia a Japa soluçando na porta do closet, admirando a.
Ao terminar de ajeitar o vestido, a Ruiva tirou uma foto.
Colocando os sapatos, uma ajeitadinha na maquiagem feita pela Ruiva, pulseiras e colar de brilhantes sendo colocados pela Japa, outra foto tirada, desta vez, por Mel.
Ao sair do quarto como uma verdadeira noiva, a sala calou-se e todos a fitavam maravilhados.
{...continua}
Um comentário:
Venho confessar, que é 01:53 e não tive coragem de ler tudo, fiz uma "leitura dinamica" mas prometo voltar para ler a continuação e este também!
AHUHUAHUAHUAUHAHUAUAHUAUHHUA
Comprido pakas!
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