Palácio Lilás – Centro das atividades econômicas do estado
Oito de dezembro de 2008
Segunda- feira 00:35min.
Tinha me esquecido o porquê que eu queria tanto sair de casa, mas já lembrei. É pelo fato dos meus pais acharem todos os motivos pra brigarem comigo e por esquecerem que eu não preciso deles em algumas escolhas da minha vida.
Querem se intrometer em tudo, eles poderiam deixar-me fazer minhas próprias escolhas, mesmo que erradas, pra aprender a acertar. Nem começaram as férias e já estou passando mal aqui em casa, louca pra sair correndo.
Vem me tirar daqui!
A vontade que eu estava de mudar passou de uma hora pra outra ao lembrar-me de que mesmo mudando de casa, eles vão continuar mandando na minha vida, não que eles estejam errados, muito pelo contrario, eu que deveria tomar vergonha e ir embora daqui de uma vez por todas.
Mas a grana é curta, estou pensando no que eu poderia fazer para que eles fossem e me esquecessem aqui.
Seria tudo mais fácil se eu ficasse?
Ou complicaria ainda mais?
São escolhas, e eu não sei o que fazer, ou melhor, até sei, só não sei se será o melhor, mas eles nunca vão aceitar.
Se eu fosse morar na casa da minha avó, tudo poderia se resolver, não pagaria aluguel, e poderia terminar minha faculdade, trabalharia e estudaria tranqüila, e talvez fosse preciso apenas um ano pra eu resolver se ficava ou ia pra casa dos meus pais.
Mas é improvável que aceitem essa condição.
Estou pensando uma solução melhor, mas essa é a mais acessível.
O que fazer?
Tenho apenas 18 anos. Ou já tenho 18 anos.
Preciso me decidir?
Que dilema, gostava mais quando eu não era responsável por essas escolhas, mas no ponto em que estou já é hora de resolver minha própria vida, se é que tenho uma.
Como saber se essa será a melhor opção?
Melhor conversar sério com a minha mamãe, mas ela vai ter um enfarte quando eu disser que não quero mais morar com eles, como dizer que estou farta de ser controlada?
Vai ser duro pra ela. Vai ser duro pra mim.
Como explicar que minha liberdade pede a quebra de limites?
Eu sabia que um dia isso aconteceria, mas não achei que seria num momento tão crítico.
Meu viver é liberto, e necessito de ver-me livre e poder ir sem dar satisfação e voltar quando achar que é hora, tem vezes que tenho vontade de ir, mas como dizer pra minha mãe que eu apenas vou, ela vai querer saber pra onde, com quem, que horas volto, por que, vai dizer que não posso ser assim, que não posso fazer isso, que devo-lhe satisfações, que é perigoso ficar na rua, que eu deveria fazer algo de útil, ir arrumar o guarda-roupa por exemplo, e que se eu estou desocupada assim, ela tem um serviço pra eu fazer em algum lugar, mas não sou assim.
As coisas são mais simples, ou mais complicadas.
Sou eu que complico? Ou são as pessoas que não enxergam uma necessidade diferente da de ter uma vida igual a de todos.
Preciso pensar e decidir.
Conversar com alguém alheio a essa situação.
Preciso de uma luz.
Não que eu não queira ir pra outra cidade, mas eu gostaria de estar perto, porém não no mesmo teto da minha família, gostaria de poder ir vê-los quando quisesse, gostaria de ser a vizinha. Gostaria de ter minha vida, minha casa, minhas coisas.
Está difícil.
Não é só isso...
Mas, por hoje, é só.
01:02min.
Há um ano
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