segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Ela não quer ir pra lugar nenhum.
Quer ficar em casa sozinha esta noite, verdadeiramente sozinha dessa vez. Agora não há mais ninguém que possa chegar na madruga.
Deitada, sem muito saber o que pensar, sente que ainda não processou muito bem tudo que houve hoje.
Talvez ela quem tenha falhado como mãe. Talvez ele quem tenha falhado nessa vida. Mas o que houve no caminho? Por que se desviou tanto até chegar nesse trágico fim?
Talvez ela devesse ter sido mais dura. Talvez ela devesse ter sido mais gentil.
Talvez seu destino fosse mesmo esse.
Qual a diferença de uma vida com grandes feitos, bom emprego, boa família, viagens, bens materiais, sonhos realizados... Agora, após a morte, tudo dá exatamente na mesma, ao invés de tudo isso, foram apenas anos num bar, bebida, cigarro...
Depois da morte, tanto faz.
Talvez ele tenha sido feliz. Talvez o que idealizou para si tenha sido cumprido com sucesso, apenas o viver da vida, do jeito que quis, ou do jeito que deu.
A culpa não foi dele por ter acabado dessa forma, a culpa não foi dela, por ele ter chegado ao fim.
A culpa foi toda dele, por não ter feito diferente, a culpa foi toda dela por não ter feito algo antes.
Mas agora, nada disso mais importa.
O que tem que ser feito agora é a escolha de uma boa roupa para se apresentar aos presentes no enterro.
O que será dela agora?
O que serão dos irmãos?
Para onde ela irá?
Quem irá cuidar dela?
Quem irá lhe fazer companhia?
Com quem ela brigará?
Como ela lidará com a dor da perda de um filho?
Ela perdeu-o agora? Ou já o havia perdido há tantos anos?
Para quem é vivo a vida segue.
Para os que ficam, a dor os acompanha por um breve tempo e depois só ficam as lembranças, longínquas, de um tempo em que ele foi bom e de outro em que ele já não era mais.
Será possível para a mãe superar a perda de seu filho?
O que será da vida dela?
O que foi da vida dele?
Talvez o melhor caminho tenha sido este, melhor do que muito do que podia ter acontecido.
Talvez o destino foi benevolente.
Talvez ainda venha a ser mais difícil.
Talvez ainda venha a haver mais coisa.
Não dá para saber se este é um momento de paz com tanta dor.
Não dá para saber se foi um alívio ou um castigo pela forma que estavam as coisas.
A vida estava confusa.
O medo e a sombra da morte pairavam no ar.
A vida permanece confusa.
O cheiro da morte não está mais no ar, agora o que cheira é o cadáver frio, aguardando ser levado.
A vida não existe mais.
E a vida que se teve, já não importa mais.

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Na bruxaria aprendemos que a única forma de dominar nossas sombras é mergulhando nelas e as conhecendo profundamente.

Mas para isso temos que nos fortalecer antes, porque para se afogar nas sombras, basta um simples descuido, basta um relaxar, basta se permitir por um segundo ser levado por elas, e elas te engolirão mais rápido do que você possa pensar em retomar o controle.

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Tenho me sentido em outro mundo, distante.
Minha cabeça flutua nas obrigações diárias, e mergulha numa escuridão a noite, quando chego em casa e/ou encontro-o, sinto que eu quem acendo a luz, e tenho que manter ela acesa pra que as coisas continuem a caminhar, pra atravessar essa escuridão.
Ela está cheia de ruídos, coisas escondidas que não consigo ver, sombras que apavoram, que queria saber o que é, mas que sou impedida pelo medo da criatura ser mais aterrorizante que sua sombra.
A luz fraqueja na escuridão. O suspiro aliviado de quando ela volta a brilhar com intensidade, logo depois de quase se apagar.
Como é difícil manter os olhos abertos, como é difícil manter os olhos fechados.

sábado, 27 de abril de 2019



A chama da vela crepta, a luz da transformação, do conforto, do amor, já está acesa, em trabalho, transmutando!

quinta-feira, 25 de abril de 2019

A vontade desesperada de pedir ajuda. Desde quando aprendi que podemos e devemos pedir ajuda quando não conseguimos resolver algo, eu tenho buscado ajuda.
Mas em alguns momentos, o grito de socorro saí sem som, ou mesmo que saia alto, não há ninguém para ouvir, tem coisas que ninguém pode ajudar.
Os olhos aflitos refletem o desespero e a vontade é sair pedindo ajuda até no balcão da padaria. Mas não importam as outras opiniões, não são conselhos que vão ajudar, abraços não trazem mais conforto, intensificam o medo.
Mas talvez tudo apenas esteja fora do controle, talvez as coias saíram dos trilhos sem que fosse percebido, talvez o poder de escolha se perdeu em algum momento, enquanto outros escolhiam, ou enquanto estava dispersa.
Talvez seja hora de retomar as rédeas do poder da vida, talvez seja o momento de escolher e não de deixar com que a correnteza, que antes levava por vários lugares agora, te jogue nas pedras.
Talvez você não tenha que aceitar o "destino" que o rodeia.

Onde está o poder da bruxa agora?
Oh deuses, por que meus ouvidos falham no escutar neste momento?
Porque talvez seja o momento de falar e não mais ficar só ouvindo no silêncio conspiratório que adora enganar e trazer dúvidas.

Retoma teu poder, ó bruxa, e faz o que deve ser feito, agora já sabes o que é!
As vezes a gente se esquece que até o mais bonito dos sonhos chega ao fim. As vezes, mesmo fazendo o ciclo do ano por vários anos, a gente esquece que a vida e a morte giram na mesma roda, que tudo que tem um começo vai ter um fim.
E o fim mais difícil é quando vemos ele sem coberturas, sem floreios e sem rodeios, é quando ele surge nu na nossa frente e a vontade é tapar os olhos para não vê-lo. E negá-lo de todas as formas.
A verdade estampada sem dramas, enganos, ou trapaças é dura e fria. Dói muito, dói tanto.
A dor faz adormecer, a dor faz não sentir mais nada, não ver, e não entender.
O fim implica em muitas mudanças, em muitas coisas pra resolver, e em deixar muitas coisas pra trás.
Desapegar do que era, despir tudo aquilo de anos e renascer do zero, mas com a idade e as lembranças do que se teve um dia. Tarefa árdua.
Recolher sonhos que já estavam plantados e descartá-los pois não serão mais possíveis, é doído.
A gente não quer aceitar, e talvez por não querer toda essa dor, todo esse novo caos, a gente negue, e gire a roda pro outro lado e tenta refazer as coisas de outra forma, dando um novo começo para postergar um fim.
Isso é uma opção?

Até que ponto isso é bom?
Até que ponto isso é ruim?

O medo da frustração, o medo de deixar passar sem lutar, o medo do arrependimento, o medo da aceitação inerte e o medo do peso da escolha do fim que será carregado pra sempre.
Será leve?
Será pesado?
Temos escolha?

As vezes temos dúvidas, as vezes as dúvidas nos levam a descobrir o que não queremos mais, mas mesmo sabendo o que não queremos, ainda sim, não sabemos o que querer.

Enterrar um amor com certeza é a mais dura dor.

segunda-feira, 8 de abril de 2019

Notas sobre livros sobre cultura e mitologia celta:


Os celtas - PLACE, Robin. São Paulo: Melhoramentos,1989.
Os Saxões - São Paulo: Melhoramentos,1989.
Os Normandos - São Paulo: Melhoramentos,1989.
Os Vikings - São Paulo: Melhoramentos,1989.
O Cotidiano Europeu na Idade Média - São Paulo: Melhoramentos,1989.

Os mitos celtas - MAY, Pedro Pablo. São Paulo: Angra, 2002.
Os druidas - RUTHERFORD, Ward. São Paulo: Mercuryo, 1992.

Uma ilha chamada Brasil - CANTARINO, Geraldo. Rio de Janeiro: Mauad, 2004.

Os mitos celtas - GREEN, Miranda. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
Contos de fadas celtas - JACOBS, Joseph. São Paulo: Landy, 2002.
Mais contos de fadas celtas - JACOBS, Joseph. São Paulo: Landy, 2002.
História da Europa pagã - JONES, Prudence e PENNICK, Nigel. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1995.
A Sociedade Celta - LE ROUX, Françoise & GUYONVARC’H, Chrisitan-J. Mem Martins: Europa América, 1995. Revista Vernáculo, n. 17 e 18, 2006 158
A Civilização Celta - LE ROUX, Françoise & GUYONVARC’H, Chrisitan-J. Mem Martins: Publicações Europa América, 1999.

Merlim, o mago - MARKALE, Jean. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.
Os celtas - POWELL, T.G.E. Lisboa: Editorial Verbo, 1958.
Mitos e lendas: Celtas, Irlanda - VARANDAS, Angélica. Lisboa: Centralivos, 2006.
Histórias da mitologia celta contadas em língua portuguesa - VASCONCELLOS, Laura. Lisboa: Guimarães Editores, 2001.
Contos da mitologia celta - VASCONCELLOS, Laura. Lisboa: Guimarães Editores, 2001.