terça-feira, 12 de julho de 2011


Ela estava no ponto de ônibus, sentada com pensamentos tão distantes e vagos que nem ela mesma sabia quais, já não sabia há quanto tempo ao certo estava esperando o ônibus.
Achou que o ônibus já deveria ter passado antes dela ter chego e decidiu ir a pé mesmo.
Acendeu um cigarro e começou descer a rua.
Os passos pareciam não pisar no chão, ela não conseguia identificar o que sentia.
Parou para atravessar uma rua e lembrou-se do cigarro aceso em sua mão.
Levou-o aos lábios e deu uma longa tragada, o mais que podê, talvez aquela fosse a primeira e última tragada naquele cigarro.
Estava tão absorta em devaneios incertos.
Enquanto atravessava a rua foi soltando a fumaça, com a cabeça baixa, olhando para as pedras da rua de paralelepípedos a fumaça do cigarro criava uma impressão de névoa fina.
Ela se sentia como se não fizesse parte daquele cenário.
Ela sentia como se ela estivesse numa bolha e nem mesmo sentia o chão aos seus pés.
Não conseguia sentir o tempo. Não sabia há quanto tempo estava caminhando, foram apenas três quarteirões, mas não tinha ideia de quanto tempo se passara.
Não estava com protetores auriculares, mas não ouvia nada além de seus pensamentos incertos.
Era como se fosse algo mais leve que o ar, incapaz de concluir qualquer pensamento, incapaz de sentir qualquer sentimento.
Vazio.
Uma respiração longa.
Eis que ela sente ao tocar seu ombro.
Uma pequena e delicada flor pousa por breves segundos em seu ombro.
Tempo suficiente para ser notada.
Ela cai lentamente, parecendo fora do tempo normal, e pousa sobre a bota dela.
A flor chama sua atenção.
Ela recolhe a flor e ao levantar os olhos se sente novamente no mundo.
É a flor mais bela da noite.
A brisa da noite sopra, o vento sussurra algo que ela se esforça para entender.
A flor veio dele, enviada pela força com que ele te ama.
A árvore deu-lhe uma de suas filhas para que ela voltasse e se lembrasse de que alguém a ama e necessita dela o tempo todo, mesmo quando não está ao seu lado fisicamente.
Ela sorri. Sem perceber já deixou o cigarro cair em algum lugar.
Um suspiro.
Um mini abraço na flor.
Ela liga para agradecer pelo amor.

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