quarta-feira, 7 de julho de 2010

Quarta-feira, 7 de Julho de 2010 aos primeiros dez minutos.
Palácio Lilás.


Uma noite fria, o vento entrava pelas frestas da sua janela. Era uma janela grande e ocupava grande parte da parede. Ela poderia simplesmente fechar o vidro e bloquear a passagem do ar frio, mas preferia o ar em movimento, trazendo novas energias pra dentro do seu pequeno quarto.
O quarto era sua fortaleza, seu castelo, seu berço. Era onde ela se sentia melhor, mesmo ainda incompleto e com muitas das coisas que gostaria de ter ainda em projeto.
Era o seu espaço, espaço onde ela poderia fazer o que quisesse, desde pintar o teto de verde, até dar cambalhotas e ouvir suas músicas preferidas semi nua.
Ela gosta de mudar seu espaço, colocar novas coisas e novas cores.
As mesmas coisas a incomodam, tudo sempre igual a traz o tédio.
Por isso permite o vento.

O vento vira as páginas do livro deixado em cima da cama.
Os livros estão em toda parte, na cabeceira da cama, junto a um porta-retratos com uma velha foto e uns ursinhos de pelúcia pequenos. Na sua futura mesa de cafá da manhã na cama. Na sua mesinha de canto, junto com suas agendas, seus CDs com todas as suas incontáveis músicas, um abajour e uma bela boneca de música, presente argentino.

Aquelas músicas todas que hoje ela não quer nem saber. Ela ouve uma sequencia de apenas duas músicas, repetidas diversas vezes, num ciclo contínuo e infinito. Aquele som suave da sua música do momento a deixa calma e aliviada, as vozes da outra música a instigam a dançar lentamente, bailando e rodopiando de leve pelo quarto, sobre os tapetes vinho, deixando cair-se sobre o pufe.

No pufe, tem uma nova visão do seu mesmíssimo quarto, mas deste ângulo tudo parece diferente e inédito.
O mural de fotos é visto de baixo, com as mesmas fotos, mas um pouco diferentes.
O guarda-roupas fica maior e poderoso. Mostra-se o mais grandioso dos móveis do quarto.
O espelho nada reflete desta vista.
A cama grande e espaçosa parece ainda maior e mais larga sem ninguém nela. Com o cobertor fofo dando-lhe uma aparência convidativa.
Ela hesita um momento antes de se render à macia e confortável cama.
Está frio.
Abaixa o som. As mesmas duas músicas se repetem.
Deixa apenas o abajour aceso.
Fecha as cortinas brancas, mas que agora estão amarelas por causa da luminosidade do abajour. Uma cor bonita.

Ao deitar, tudo muda novamento.
Ela observa cada detalhe do seu palácio.
O vento sopra fraco, a cortina balança o sino dos ventos, resultando um som suave e agradável sobre a música.
Mesmo deitada com seus cobertores grandes, ainda tem muito espaço na cama.
Passa a mão na estensão da cama vazia. Toca de leve o rosto quente. Sabe que suas bochechas estão rosadas devido ao ar frio externo e o calor interno.
Ela fecha os olhos.
Pensa.
Suspira.
Sonha...

Quando percebe que seu despertador toca, já é o ínicio de uma nova manhã fria, de um dia inédito e o sonho acaba mais uma vez.



d^.^b: One of Those Days - Josua Radin * Broken Strings - James Morrisson & Nelly Furtado

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