sábado, 3 de outubro de 2009

Quinta- feira, 2 de outubro de 2009 às 23h52min.
Palácio Lilás – Alto dos Vales Valinhenses

Desde ontem eu venho sentindo um incômodo, algo que eu não sabia o motivo e que me deixava desanimada.
Hoje descobri o que houve.
Podem dizer o que for, mas eu aconselho a todos que parem de beber álcool.
Muitas pessoas na minha família bebem e muitas destas bebem muito.
É difícil você ver alguém da sua própria família se afundando na vida e saber que ela não quer ajuda, que não se importa de continuar se afundando.
Eu tenho muita dificuldade pra descrever o que sinto, porque nem eu sei o certo.
Sei que não é pena, nem dó, mas fico muito triste em ver o sofrimento de todos, por causa de um ser que não está nem aí com sua própria vida.
Aperta-me o peito saber que minha avó maravilhosa está tão desesperada por causa do seu filho traste.
Meus olhos ficam cheios de lágrimas de ver meu pai fingindo que não está triste, chateado, decepcionado com o irmão inconseqüente contando-me o que houve.
No fundo, todos tinham a esperança de que um dia ele aceitasse um emprego, trabalhasse, parasse de beber diariamente e se tornasse um ser melhor. Todos torciam para que ele encontrasse um motivo pra continuar. Mas não foi assim, ele acabou por dar mais trabalho à família, ser motivo de preocupação maior.
Pelo menos, agora que ele está hospitalizado, minha avó não fica mais na incerteza se ele vai conseguir chegar em casa de noite. Pelo menos agora não tenho mais medo que ele leve alguém junto com seus atos irresponsáveis.
Mas me pergunto o que será agora?
Ele saí do hospital melhor, recuperado e volta ao que era antes? A vida vagabunda que levava à custa da mãe à base de bebida e cigarro? Ou toma juízo e pára de beber, aceita o serviço e fica tudo bem?
Ou ele saí do hospital direto pra vala, abalando ainda mais a minha avó, que vive em razão dele, e vai se sentir acabada em ver seu filho terminar desta maneira tão infeliz? Se a velhota agüentar o tranco da notícia, porque além de tudo, mesmo ela sendo forte, é difícil ver seu próprio filho morrer por causa de uma coisa tão medíocre, tão indigna.
Quantos mais terão que passar por isso pra perceber que bebida não leva a nada?
E pensar que meu pai poderia estar na mesma situação se não fosse o pulso forte da minha mãe.
Acho que a família o ama demais e ainda acredita que ele pode dar a volta e mudar.
Mas eu já estou decepcionada e descrente, não acho que depois das diversas chances que a vida deu pra ele, e os diversos sustos que ele já passou, faça com que agora ele, só depois desse mais grave, venha a mudar.
Eu espero pelo pior, que não é a morte, porque morrer é fácil.
Precisava de alguém pra me dar força no momento, porque não posso chorar em casa, para não desmoronar meus pais. Queria ter alguém por perto em quem pudesse confiar, contar, chorar. Alguém que não fosse mais um estranho do interior.
Estou exausta. Minha cabeça pesa. Minha barriga dói de nervoso. Meu coração está apertado com tudo que vem acontecendo.
Além das coisas da faculdade que me perturbam ultimamente, agora essa pra quebrar de vez comigo.
Como é ruim não ter poder de mudar.
Amo muito minha família, mas tem momentos que quero fugir pra bem longe pra não vê-los passar por algumas coisas.
Não espero nada de ninguém. São apenas coisas minhas.

2 comentários:

Li disse...

Olá! Impossível não me identificar com seu post. Durante muitos anos, convivi com o alcoolismo do meu marido e hoje, tenho um sobrinho desaparecido há 60 dias por conta do vicio também. Sei exatamente o que sente e o tamanho exato do seu coração. Mas a experiência me provou, que nós nada podemos fazer com relação a vontade do próximo... absolutamente nada. Não se ajuda que não quer ser ajudado.
Mas você pode sim, fazer algo muito importante por você mesma. Não se deixe levar pela escolha do outro. Viva as suas escolhas. Faça o melhor para você e por você. Os caminhos são distintos e você tem o seu a seguir. Se a ansiedade, a tristeza, a decepção e o medo resolvessem... mas posso te garantir que não resolvem, e ainda digo mais, vai minando a sua alegria e tirando o seu brilho pela vida.
Chore, se isso for te aliviar, mas não dedique mais do que algumas horas para este sofrimento. E continue a sua vida, com as suas escolhas.
Estou a disposição, se quiser desabafar, ok?
Beijinhos
Elida

disse...

Cah.... hj mesmo meu tio deixou a clínica de reabilitação, depois de ser internado 80.000 vezes. Minha vó, teve três trastes, e para contrabalancear, minha mãe - a santinha da história (hehe).
Hoje minha avó é falecida, e minha mãe herdou a preocupação com os três alcoolatrinhas.
Situação bem parecida... e que corta o coração, né.

Infelizmente, Cah, a gente pode ajudar até certo ponto, o resto depende deles.
Te dizer que vai ser fácil, sinto, não posso, porque não é. Mas Deus deve pensar muito bem antes nos colocar numa família, e com certeza, é pq temos uma missão junto a ela.
Faça o melhor que puder, e quando não tiver mais o que fazer... ore!

Espero que as coisas melhorem, amiguinha.

Muitos beijos e boa semana.

Ahhhhh.... comentei lá naquele blog que me passasse. Não vou falar por aqui, vai lá ver.
:P

Beijos